segunda-feira, 10 de março de 2014

Álbum de Namoro de Adeodato e Leonilda



Entre 1905 e 1907 meus pais namoravam por cartões postais. Ele na Itália e América (New York) ela em Botucatu.
Quando se casaram, minha mãe montou este álbum, que muitos anos mais tarde, deu de presente para a minha esposa, Irinéa.
 Vou colocando aqui, aos poucos, estas páginas tão bonitas.








Adeodato Faconti - Político





Desde que chegou ao Brasil (1907/08), meu pai, pelo seu idealismo e temperamento, sempre esteve envolto em atividades políticas.

Iniciou sua carreira na Societá Italiana di Benificenza, e em 1918 foi seu Presidente.
Em 1921 participou, do Conselho Deliberador, do então recém criado “Circolo Italiani Uniti” (19.10.21), do qual foi presidente em 1922.

Em 1923, foi eleito pela 1° vez vereador (triênio 23/25), na cidade de Botucatu. Não se naturalizou, mas a política da época permitia aos imigrantes exercerem cargos públicos. Foi reeleito para o triênio 26/28. Era do PRP – Partido Republicano Paulista, da facção cardosista.

Entre suas propostas aceitas estão a do calçamento das ruas com paralelepípedos, a construção do Hotel Paulista e a contribuição da prefeitura para a Fraternidade de São Tobias.

Esta fraternidade, fundada por italianos, tinha a finalidade de sepultar os indigentes e solitários, dando-lhes roupas, esquife e cerimônia fúnebre.

Não era de falar muito de suas atividades políticas e nem a razão porque se afastou da política após 1930. Estaremos fazendo um levantamento de suas atividades junto à Câmara de Vereadores de Botucatu em breve, e as colocaremos aqui no blog.

Devem ter sido relevantes porque em 1965 foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário de Botucatu.

Adeodato Faconti e o 'Moti di Milano"


Barricada dos revoltosos e intervenção dos "Bersaglieri". Milão 1898. Foto Luca Cordeiro



No seu livro “Remexendo meus rascunhos”, escrevendo sobre sua vida, na p.119 coloca:-

 “Quem escreve estas páginas, crescido no meio daquele maremoto social, tomou parte da pelejas.
Viu de perto, em Milão, à porta ticinesa, os canhões de Bava Becaris vomitarem fogo contra os trabalhadores desarmados e desesperados.”

Com a ajuda dos nossos amigos de Pontremoli – Paolo e Caterina – chegamos à conclusão que se tratava do “Moto di Milano” também conhecido como Massacre de Bava-Beccaris.

Este foi um levante popular contra as duras condições de vida na Itália, ocorrido em maio de 1898. Durou 04 dias ( de 06 a 09) e foi duramente reprimido pelo “Regio Esercito”, sob as ordens do General Fiorenzio Bava Becaris (Wikipédia).

Todas as outras informações colocadas nas páginas seguintes, relatam sua vida na caserna e sua participação, neste capítulo da história italiana, cumprindo seu papel de soldado porém:- "... Indignado – por ser este procedimento contrário aos ensinamentos de Cristo – permaneceu nas primeiras linhas de luta, nunca na retaguarda, ficando sempre ao lado dos miseráveis.” (p.119)

Outras informações demonstram sua passagem pelo exército:- “...tratava-se da classe do ano 1877, convocada no dia 14 de março de 1989...”; “...3° Brigada, 6° Companhia...”; “...bom atirador, incansável nos serviços tácitos, bom telegrafista, recebedor óptico infalível...”; “...o capitão da companhia ao qual havia sido incorporado chama-se Marieni...”.